sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Transformação haverá?


“As crises não complicaram as urnas. E as urnas? Resolverão as crises? “ Maria Eulália Picci Otto, Sanitarista)





Quem tem computador está acostumado com teclas, números, siglas, caixas de diálogo e que tais.
Quem tem conta bancária também está familiarizado com digitações, teclados numéricos, senhas, confirmações.
Mas há de se convir que a imensa maioria da população brasileira não tem acesso nem a um computador nem a uma conta bancária.
No entanto, em quase todo o território nacional, as TVs e os rádios estão ligados dentro dos lares, nas favelas, na zona urbana e na rural, embaixo das pontes ou no sertão mais ermo, onde já chegou a eletricidade. E, portanto, quase todas as pessoas têm direito à informação do horário político gratuito.
Em 1955, Juscelino Kubitschek elegeu-se presidente com 35% do total dos votos do País. Não havia horário eleitoral gratuito e a TV nem sequer alcançava todas as capitais. Também não havia segundo turno.
Em 1959, o jornalista Itaboraí Martins, desencantado com os políticos, lançou o rinoceronte Cacareco, hóspede do Jardim Zoológico de São Paulo, candidato a uma vaga na Câmara Municipal. Naquela São Paulo antiga o animal recebeu mais de 100 mil votos de protesto, sem outra propaganda que não a do jornalista e a de boca-a-boca, e sem se esconder o fato de o postulante ao cargo ser um bicho!
Já em 1994, Fernando Henrique Cardoso se elegeu com 54% dos votos válidos. E, embora o refrão “rouba mas faz” (cunhado, na década de 60, pelo ex-governador paulista Adhemar de Barros para ele mesmo) ainda seja aceito mais ao norte do mapa do Brasil para eleger velhos coronéis, a última votação parece que evidencia mudanças nos quadros políticos brasileiros.
Então, como , na hora de uma eleição tão generalizada, para tantos cargos eletivos, mostrar a insatisfação geral, a vontade de protesto quanto ao status quo? Isso foi demonstrado através dos resultados apurados pelos avanços  tecnológicos do “melhor sistema de votação do mundo”
Na impossibilidade de manuscrever o voto ou eleger o Seu Creysson, o povo protestou de outra maneira, e já sabemos como.
Portanto, já que as crises não complicaram as urnas, será que o resultado das apurações resolverá as crises?  Não há dúvidas de que houve muita mudança.
Mas o que se quer é transformação, e para melhor. Haverá?

 
Tom Santos
Editor










Edição n.º 956 - Página 02

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