sexta-feira, 26 de maio de 2017

Como ensinar seus filhos a lidar com as emoções?




Quando decidimos ser pais, uma das frases mais ouvidas é: você tem que criar seu filho para o mundo. E é difícil para os pais (que aninham os filhos por anos, cuidam, zelam, preparam...) compreenderem que esses filhos, de fato, não lhes pertencem. O vinculo entre pais e filhos pode ser muito forte, dependendo do tipo de relação que eles estabelecem entre si. Muitos pais querem proteger seus filhos de passarem por dor e sofrimento, mas a verdade é que, por mais que os pais tenham a ânsia de proteger incondicionalmente os filhos, o crescimento se dá de dentro para fora, daquilo que experienciamos e principalmente daquilo que sentimos verdadeiramente. 
Daí a importância de auxiliarmos nossas crianças a conhecerem as suas emoções, a compreenderem seus sentimentos, a conhecerem suas potencialidades e fragilidades. A maioria das crianças não é educada para compreender suas próprias emoções, quando bebês nossa comunicação se dá através do choro: se estamos com fome, choramos; se sentimos frio, choramos; se estamos com dor, choramos; e nossos pais estão prontos a compreender e interpretar os motivos que nos levam a chorar para prontamente intervir e diminuir nossos sofrimentos e os deles próprios.
Conforme vamos crescendo, somos expostos a diferentes tipos de emoções como, por exemplo, a frustração e a raiva; a criança não conhece aquilo que está sentindo e muitas vezes reage fazendo birra, se jogando ao chão ou chorando compulsivamente. Nesse momento, nós adultos (que também temos nossas dificuldades em lidar com nossas emoções, visto que também não fomos ensinados a isso) temos a tendência a impedir essa manifestação, seja tirando o foco da criança daquilo que ela está sentindo, seja nos afastando do “ataque” e deixando a criança sozinha. Vivemos uma época em que as facilidades digitais e tecnológicas têm “auxiliado” muitos pais nesse processo, a criança chora e logo é entretida por um joguinho no “tablet”, nossas crianças são doutrinadas para magicamente deixar de sentir, ou ignorar seus sentimentos.




Com isso crescemos desconhecedores das nossas próprias emoções e sentimentos, e vamos dia a dia aprendendo a não sentir, ou a “maquiar” aquilo que sentimos com as mais diversas técnicas.
Obviamente, nós não fazemos escola para os papéis mais importantes que exercemos em nossas vidas e assim como em todos eles, aprendemos com os erros e acertos, portanto, não se culpem pais e mães, porque vocês fizeram aquilo que era possível com o que vocês tinham de conhecimento e experiência de vida no momento.
Existe a possibilidade de ensinarmos nossos filhos, desde muito pequenos, a lidarem com seus próprios sentimentos e emoções, e a melhor maneira de fazê-lo é através da valorização da manifestação da criança. É necessário que os adultos que convivem diretamente estejam atentos às manifestações de emoções para auxiliar nesse processo de reconhecimento e criação de recursos internos.
Valorizar é diferente de exaltar e ressaltar, valorizar segundo o dicionário é: “dar valor, importância a (algo, alguém ou a si próprio) ou reconhecer-lhe o valor de que é dotado”. Ou seja, quando uma criança faz birra, manha ou chora compulsivamente, existe uma emoção, um sentimento ou uma necessidade por trás dessa atitude e é isso que precisa ser valorizado.
No momento do “ataque” não é possível estabelecer uma conversa e, portanto, é preciso esperar passar. Esse tempo de espera pode parecer infinito e existem algumas frases que podem facilitar o processo sem desvalorizar a queixa da criança, por exemplo: Eu sei que você está brava por “tal” motivo, quando você se acalmar a gente pode conversar melhor sobre o que você está sentindo e juntos podemos chegar a uma solução.

Continua...

























Edição n.º 1011

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