Esse
é um tema muito frequente entre os casais que procuram atendimento da terapia
familiar.
O
julgamento é inerente ao ser humano, quando nos relacionamos, isso vale
para qualquer tipo de relacionamento, automaticamente enquadramos a atitude do
outro naquilo que nós temos como bagagem de vida e julgamos sua maneira de
agir. A questão é que consciente, ou inconscientemente, isso acontece e em
milésimos de segundo.
E se
o julgamento é inerente ao ser humano, porque ele se torna tão prejudicial nos
relacionamentos?
Porque
na maioria das vezes quando esse julgamento ocorre ele é natural: a
atitude do outro passa por nossa bagagem de vida, julgamos, mas estamos abertos
a compreender que as pessoas são diferentes de nós, que cada pessoa é única e
tem a sua maneira de agir e decidir sobre suas próprias atitudes. Esse é um
campo neutro do julgamento, no qual não existe juízo de valor, ele acontece
simplesmente porque entramos em contato com uma realidade diferente da nossa.
O
julgamento se torna patológico quando nós não somos capazes de compreender uma
maneira de agir diferente da nossa ou daquilo que nós esperamos do outro e
passamos a viver o tempo todo rotulando e excluindo as pessoas que pensam e
agem diferente de nós ou daquilo que idealizamos. Fechamos o nosso coração para
aquela parte do outro que nos incomoda e então deixamos de recebê-lo inteiro,
perdemos a oportunidade do convívio e troca com diversas pessoas por conta do
julgamento.
Quando
eu julgo alguém eu estou definindo uma sentença sobre ele, ou o estou
rotulando: “Fulano” age de determinada maneira, logo ele é assim. Essa
determinação me afasta do todo daquela pessoa. Então o “Fulano” passa a ser,
para mim, aquilo que eu julguei que ele fosse.
Isso
vale para todos os casais, quando julgamos a atitude do nosso companheiro de
maneira negativa, estamos automaticamente excluindo aquela parte dele e a
cada exclusão que fazemos estamos enfraquecendo nossa relação.
“Aqueles
que produzem sentenças, no final ficam sós. Perdem a conexão com o mundo e com
as pessoas. E nós também, evidentemente, se fizermos juízos, nos tornamos
pobres. E algo precioso se perde para nós”.
Bert
Hellinger
Não quero dizer com isso que precisamos aceitar tudo de todos,
digo apenas que é preciso olhar para as coisas e para as pessoas como elas são,
com um olhar livre de juízo de valores.
Para
que possamos escolher conviver ou não com o outro como ele é precisamos superar
os nossos julgamentos sobre ele, como já foi dito julgamos com a nossa bagagem
de vida, e nossa bagagem é muito pequena perto da bagagem de toda a humanidade.
Muitas
vezes somos egocêntricos e compreendemos ou julgamos a atitude das pessoas com
as quais nos relacionamos como se elas dissessem respeito unicamente a nós,
como se o outro estivesse fazendo algo apenas para nos atingir ou nos
contrariar, mas nem sempre isso é uma verdade, às vezes o outro está apenas sendo
ele.
Dessa
forma é preciso que examinemos nossas atitudes, quando tudo em nossa vida gira
em torno do outro é preciso se perguntar: será que eu não estou julgando o
outro de maneira negativa? Será que eu não estou julgando o outro porque ele é diferente
de mim? Será que não estou julgando o outro porque ele não é aquilo que eu
esperava dele?
Então
deixo aqui um convite que poderá auxiliar muitos relacionamentos: vamos tentar
superar os nossos julgamentos a respeito das pessoas com as quais nos
relacionamos?
A
superação do julgamento pode diminuir o sofrimento causado pelo que o outro faz
ou deixa de fazer para nós. Quando direcionamos o nosso foco para nós mesmos e
para nossas atitudes, estamos iluminando o caminho para a transformação.
Edição
n.º 1010
Página
03
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