A
greve geral (ou meia greve) ocorrida no final da semana passada em protesto
contra as reformas trabalhista e previdenciária em curso no Congresso Nacional,
à qual aderiram bancários, ferroviários, metroviários, aeroviários, professores,
metalúrgicos etc., de vários municípios, insuflada, sobretudo, por organizações
sindicais, deixa um saldo que precisa ser analisado, a fim de levar as pessoas
a refletir de forma ponderada sobre o que há de bom e de mal nas propostas dessas
reformas sem se afastar nas suas manifestações dos princípios do diálogo e da
paz.
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se pronunciou apoiando as mobilizações
“ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o
nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Mas ressalta que “nesse
sentido, consideramos fundamental que se escute a população em suas
manifestações coletivas. Claro que nosso olhar se dá na perspectiva da
evangelização e nossa posição brota das exigências do Evangelho. E isso
significa reafirmar a busca do diálogo, da paz e do entendimento. Na afirmação
dos bispos está a orientação de que esses momentos sejam marcados pelo respeito
à vida, ao patrimônio público e privado, fortalecendo a democracia”, afirmou
Dom Leonardo Steiner, Secretário-Geral da CNBB.
A
reforma da Previdência é um tema delicado, a suscitar preocupações,
principalmente em relação aos direitos sociais adquiridos. Por isso é
necessário um maior debate, para evitar que se comprometam os avanços
sociais obtidos com a atual legislação previdenciária e também trabalhista.
Certamente deve haver outros meios para se buscar suprir
as demandas, especialmente os recursos para manter o sistema
previdenciário brasileiro. Tudo isso deve, portanto, ser objeto de mais debate,
de diálogo com as entidades e toda a sociedade, para que se alcancem medidas
justas.
Para
Dom Leonardo, “o Brasil vive um momento particular de sua história, uma
crise ética. Há situações de enorme complexidade nas quais estão envolvidos
personagens do cenário político, sem falar da crise econômica que atinge a
todos. Como encaminhar mudanças sem o respaldo da sociedade? Propostas de
reformas que tocam na Constituição Federal, no sistema previdenciário, na CLT, merecem
estudo, pesquisa e aprofundamento. Sem diálogo não é possível criar um clima
favorável que vise o bem do povo brasileiro”.
E
ainda destaca que certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de
defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular
dos mais pobres. O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer
participar, quer dar sua contribuição. “Reformas de tamanha importância não
podem ser conduzidas sem esse amplo debate”.
É
preciso, portanto, que não falte o debate e o diálogo para que haja decisões
acertadas, nesse sentido, para o bem de todos. De qualquer forma, a crise
existente certamente tornará o Brasil melhor. A crise é sempre uma oportunidade
para que nos tornemos melhores, como pessoas e como país.
E
que as manifestações não sejam manipuladas, especialmente por forças políticas
de direita, de esquerda e da pseudo esquerda, em que alguns representantes já estão
atrás das grades.
Edição
n.º 1008
Página
08
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