sexta-feira, 5 de maio de 2017

Sobre a greve geral





A greve geral (ou meia greve) ocorrida no final da semana passada em protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária em curso no Congresso Nacional, à qual aderiram bancários, ferroviários, metroviários, aeroviários, professores, metalúrgicos etc., de vários municípios, insuflada, sobretudo, por organizações sindicais, deixa um saldo que precisa ser analisado, a fim de levar as pessoas a refletir de forma ponderada sobre o que há de bom e de mal nas propostas dessas reformas sem se afastar nas suas manifestações dos princípios do diálogo e da paz.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se pronunciou apoiando as mobilizações “ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Mas ressalta que “nesse sentido, consideramos fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas. Claro que nosso olhar se dá na perspectiva da evangelização e nossa posição brota das exigências do Evangelho. E isso significa reafirmar a busca do diálogo, da paz e do entendimento. Na afirmação dos bispos está a orientação de que esses momentos sejam marcados pelo respeito à vida, ao patrimônio público e privado, fortalecendo a democracia”, afirmou Dom Leonardo Steiner, Secretário-Geral da CNBB.




A reforma da Previdência é um tema delicado, a suscitar preocupações, principalmente em relação aos direitos sociais adquiridos. Por isso é necessário um  maior debate, para evitar que se comprometam os avanços sociais obtidos com a atual legislação previdenciária e também trabalhista. Certamente deve haver outros meios para se buscar suprir as demandas, especialmente os recursos para manter  o sistema previdenciário brasileiro. Tudo isso deve, portanto, ser objeto de mais debate, de diálogo com as entidades e toda a sociedade, para que se alcancem medidas justas.

Para Dom Leonardo, “o Brasil vive um momento particular de sua história, uma crise ética. Há situações de enorme complexidade nas quais estão envolvidos personagens do cenário político, sem falar da crise econômica que atinge a todos. Como encaminhar mudanças sem o respaldo da sociedade? Propostas de reformas que tocam na Constituição Federal, no sistema previdenciário, na CLT, merecem estudo, pesquisa e aprofundamento. Sem diálogo não é possível criar um clima favorável que vise o bem do povo brasileiro”.

E ainda destaca que certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres. O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição. “Reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate”.

É preciso, portanto, que não falte o debate e o diálogo para que haja decisões acertadas, nesse sentido, para o bem de todos. De qualquer forma, a crise existente certamente tornará o Brasil melhor. A crise é sempre uma oportunidade para que nos tornemos melhores, como pessoas e como país.

E que as manifestações não sejam manipuladas, especialmente por forças políticas de direita, de esquerda e da pseudo esquerda, em que alguns representantes já estão atrás das grades.
























Edição n.º 1008

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