sexta-feira, 22 de maio de 2015

A TRILHA! A VEREDA!




“A trilha era a mesma para todo mundo. Ao descer do ônibus, todos receberam um mapa, algumas instruções simples e foram liberados para a caminhada. Como sempre, um grupo de apressados saiu em disparada, como se fosse uma corrida para ver quem chegava primeiro. O grupo do meio saiu “em ondas”, uns mais tranquilos, outros nem tanto, mas basicamente todos curtindo o momento. Junto desse grupo maior foi o primeiro guia. E para trás ficaram, como sempre, os enrolados: um que esqueceu o protetor solar, outra que queria trocar a camiseta, um que precisou ir ao banheiro, enfim, os retardatários. Com eles, outro guia um senhor de mais idade, calmo, queimado de sol, e com muitas histórias para contar.
O primeiro grupo, o dos apressados, passou por uma cabana abandonada, e nem reparou. Um deles comentou: “Que coisa, ninguém cuida de nada aqui”. Meia hora depois, o segundo grupo passou pela cabana, e o guia falou: “esta cabana que vocês estão vendo abandonada queimou há dez dias, quando um grupo de jovens veio acampar e se descuidou”. Todos olharam com pena e prosseguiram.
O terceiro grupo passou por ali e parou. O guia lhes contou que a cabana havia sido construída originalmente por um garimpeiro em 1890 e que ele tinha passado 33 anos cavando um túnel porque jurava que ali existia ouro. E que depois disso, a cabana tinha passado a servir de refúgio para vaqueiros que viajavam com o gado pela região. Varias vezes havia sido atacada por índios e por isso o reforço nas portas e janelas, como ainda se podia notar, mas não tinha conseguido resistir a um bando de jovens que havia passado por ali dez dias atrás sem se preocupar com a fogueira. Terminou notando que, mesmo queimada, ela tinha certa beleza poética, heróica. Sozinha no meio da floresta, ainda orgulhosa, lutando para ficar em pé. O grupo ficou parado em silêncio, contemplando não mais uma cabana, mas uma história. Imaginando todas as pessoas que haviam passado por ali, a vida do garimpeiro, sua morte, os vaqueiros, os índios.
O silêncio foi quebrado pela voz do guia: “Vamos?”. E foram conversando e observando a paisagem.
O terceiro grupo chegou ao ponto de encontro feliz, mas exausto. Os outros dois grupos já estavam lá. O primeiro, dos apressados, com metade das pessoas já querendo voltar e a outra metade estressada com os grupos que se atrasaram. O segundo grupo estava tranqüilo, a caminhada tinha sido boa, uns, reclamando do calor, outros elogiando as paisagens, um grupo normal.
Já o terceiro grupo era diferente. Eram todos mais que amigos, eram cúmplices. Havia um nível de energia, camaradagem e união que claramente não existia nos outros. O guia era mais que um guia, era um líder. Alguém que tinha iluminado o caminho, mostrado coisas que eles não conheciam e compartilhado experiências emocionais. “Havia saído da trilha e feito todo mundo refletir sobre si mesmo, sobre os outros, sobre a vida”.



Como é bom ser capaz de olhar em volta e conseguir descobrir a história, a razão e os motivos que estão atrás das coisas.
Para isso é preciso se dispor a enxergar, disponibilizar um tempo, abrir a alma e aquecer o coração.
Em todas as situações da vida e nas menores coisas existe algo precioso que está escondido! Só quem se acalma e abre sua mente consegue perceber. E então tudo fica mais tranqüilo, mais leve, mais suave!
A trilha da vida vai construindo a história pessoal de cada um, a história da família, a história do lugar onde mora, a história do país onde nasceu.
A trilha permite a superação dos obstáculos e a celebração das conquistas.
E que Deus nosso Pai, nos ilumine e nos acompanhe na descoberta e na construção da história da nossa vida.















 Edição n.º 988 - página 03



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