Para
o segundo mandato que lhe foi outorgado pelo povo brasileiro, a presidente
Dilma Rousseff escolheu um novo lema para identificar a prioridade que iria
marcar o seu governo: “Brasil Pátria
Educadora”! A presidente acuada pelas manifestações populares, das ruas,
resolveu que o seu governo iria se dedicar prioritariamente à educação. Fiquei
feliz, muito embora a saúde e a segurança do povo também estejam a merecer essa
mesma ênfase de atenção e dedicação.
Contudo,
em função do pacote do tal ajuste fiscal, não posso deixar de constatar quanto esse
lema foi mero jogo mercadológico vazio.
Com
efeito. O governo brasileiro anunciou mais cortes no orçamento de 2015, por
conta do ajuste fiscal, totalizando 69,9 bilhões de reais. Todos os ministérios
foram afetados, inclusive e notadamente o da Educação. Vários programas sociais
também foram atingidos, menos o Bolsa-Família.
Mas o Minha Casa Minha Vida
não receberá o que havia sido previsto para este ano, perdendo quase seis
bilhões de investimentos. Foram 21,4 bilhões de reais de cortes nas emendas
parlamentares, e muito mais. Não apenas a Educação, mas a Saúde também perdeu
11,7 bilhões de reais. É o maior aperto nas contas em todo o governo das
gestões do PT, em nível federal. Projetos de infraestrutura foram priorizados,
principalmente os que estão sendo concluídos.
O
fato é que o povo sentirá no bolso os cortes feitos, o que evidencia a
gravidade da crise econômica, já anunciada pelos opositores do atual governo ainda
durante a campanha eleitoral do ano passado. É evidente que muita coisa foi
maquiada para garantir a reeleição da presidente, mas agora começamos a sentir
os efeitos de uma crise que não é reflexo da crise internacional, como alguns
governistas tentam justificar, mas também da gestão do próprio governo, que
precisou manter o clientelismo para garantir mais um mandato.
O
que chamou a atenção nos cortes feitos é que tanto a Educação, quanto a Saúde, foram
atingidos, o que não se esperava, tendo em vista os compromissos sociais do
governo, assumidos em campanha. Estados e Municípios sofrerão os efeitos do
ajuste fiscal, que certamente implicarão no resultado das eleições municipais
do próximo ano. Ainda no discurso de posse do segundo mandato, a presidente
Dilma chegou a dizer que o lema do seu segundo governo seria "Brasil
Pátria Educadora". Foi o que afirmou: “Estamos dizendo que a educação
será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar em todas as
ações do governo um sentido formador, uma prática cidadã”. Mas não foi o que
mostrou com os cortes feitos em função do ajuste fiscal.
Ora,
senhoras e senhores: Educação e Saúde não poderiam ser penalizadas, ainda mais
por quem se diz governar para os mais pobres, com justiça social. Não há como
valorizar a educação sem garantir os investimentos que se fazem necessários, por
isso é preocupante a situação. Cada dia vamos percebendo o quanto aumenta a
violência e a degradação moral, a banalização da vida, o descaso para com a
ética e a corrosão dos valores. O governo precisa estar atento a tudo isso, e
dar respostas mais efetivas diante das demandas existentes. Para que a
"pátria cidadã" seja uma realidade, é preciso que haja mais do que
palavras de boas intenções, mas ações concretas, pois só assim será possível o
desenvolvimento que todos buscamos.
Edição n.º 989 - página 08
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