Homenagem a
um homem e profissional que deve servir de exemplo de coragem cívica, coerência
e defesa das liberdades individuais e coletivas.
Dr.
Ruy Mesquita deu continuidade à tradição de sua família, fazendo do
jornalismo uma referência da sua geração. De modo especial, a independência e a
honestidade intelectual. Assumiu a direção do jornal O Estado de São
Paulo numa idade em que muitos já estão aposentados, e aos 70 anos
começou nova fase de sua vida, mais ativa, mais entregue à empresa
herdada, com a qual ele procurou fazer o melhor e honrar o ofício
exercido. Levantava cedo, todos os dias, e já antes das 7h30 da manhã tinha
lido todos os principais jornais do Brasil e do mundo. Assim, bem informado dos
acontecimentos do dia, telefonava para os articulistas do Estadão,
de modo direto, ouvindo sugestões, e direcionando os encaminhamentos, sugerindo
os temas dos editoriais, ele próprio muitas vezes escrevendo o editorial do
dia. Um exemplo de profissionalismo!
Tendo
apoiado o movimento de 1964, que impôs ao país o regime ditatorial por mais de
vinte anos, o Estadão logo rompeu com o regime no ano seguinte, quando foram
abolidas as eleições. Submetido à censura, o jornal agiu com criatividade
para driblar o cerceamento da liberdade de expressão, publicando receitas de
bolo e poemas de Camões etc., nos espaços das matérias censuradas. Com a
redemocratização, o Estadão manteve sua linha liberal do ponto
de vista da economia de mercado, e continuou juntamente com a Folha de
São Paulo, a voz mais ouvida no estado bandeirante. Grandes nomes do
jornalismo passaram pelo Estadão, e também pelo Jornal da
Tarde, criado pelo Dr. Ruy Mesquita, em 1966, marcado por uma diagramação
inovadora e seções temáticas que, durante muitos anos, foi um marco da imprensa
paulista. Foi coerente e fiel à linha filosófica do jornal, desde
a sua fundação no século 19.
Que
a nova geração de jovens estudantes, principalmente do jornalismo, se espelhe
no exemplo deixado por Dr. Ruy Mesquita, "homem de espírito público,
voltado ao bem comum", como ressaltou o governador do Estado de São Paulo,
Geraldo Alckmin; ou ainda, de quem falava o que pensava, dizia o que precisava
ser dito, sempre em defesa da liberdade de expressão, como destacou o
ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Homenageado reconhecidamente
por toda a imprensa brasileira e por autoridades públicas, Dr. Ruy, como era
conhecido, deixa um legado de coerência, de seriedade e de competência no
exercício da inteligência brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário