“Com o cinismo que seus admiradores preferem interpretar
como “visão pragmática” das questões políticas, Lula endossou de modo geral
as críticas feitas por seus interlocutores ao governo, a Dilma e ao PT. Embora
permissivo quando se trata de si próprio, da família e dos amigos, Luiz
Inácio Lula da Silva se comporta com uma arrogância e uma presunção que o
levam a colocar-se sempre acima do bem e do mal.”
(Editorial, O Estado de S.Paulo, 23/06)
“Lula está tentando salvar a sua
pele, fingindo que quer salvar o PT. Todo o desvario de Lula nos últimos dias
tem a ver com a Lava-Jato, que o pega em momento de fragilidade do governo, do
PT e de sua própria figura, antes inatacável, hoje exposta às críticas da
opinião pública. Toda a crise petista tem a ver com Lula, foi ele quem levou o
partido para acordos políticos deletérios, em nome de um pragmatismo político
que cobra seus custos. O aparelhamento do Estado, uma das características do
governo petista desde o primeiro momento, bem como a ampla coalizão partidária
sem nexo programático e sem cobranças morais, que acabou em mensalões e
petrolões foram estratégias montadas por Lula e José Dirceu para tomar conta do
poder central”, escreveu Merval Pereira (O
GLOBO, 24/06)
Já o
jornalista Elio Gaspari (O Globo, 24/06)
ironiza: “Nosso Guia, Lula, essa metamorfose ambulante, apresentou-se com uma nova
roupa. Dizendo-se "velho" e "cansado", defendeu uma
"revolução interna" no Partido dos Trabalhadores. Ele não está
falando sério quando diz: "Não sei se é defeito nosso ou do governo".
Se acha que o defeito pode ser do governo, e não "nosso", acredita
que alguém seja capaz de separar um do outro. Diz mais: "Eu acho que o PT
perdeu um pouco de sua utopia". Casos como o do assassinato de Celso
Daniel, o "mensalão" e as petrorroubalheiras dificultam a percepção
de que o PT tenha perdido só "um pouco de sua utopia".
Na Folha de S.Paulo do dia 24,
Bernardo Mello Franco escreve: “As críticas do ex-presidente Lula
atacaram o governo Dilma e acusaram o partido de ter envelhecido e só pensar na
ocupação de cargos. As críticas à sigla que fundou e à presidente que alojou em
seu lugar demonstram irritação, destempero e temor com os avanços da Lava Jato.”
E Dora Kramer afirma (O Estado de S.Paulo 24/06): “O mundo está
desabando ao seu redor e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva fica ali,
impávido, dando lição de moral como se nada tivesse a ver com o desmonte em
questão. É um esperto, sobretudo, no que tange ao
ofício da enganação. Tudo na medida de suas conveniências: surpreende pela
desonestidade de ação e pensamento. Ele desqualificou, dobrou apostas,
agrediu, alimentou a cizânia, disseminou a ideia de que o exercício da
oposição era sinônimo de golpismo”.
A articulista
Eliane Cantanhêde (O Estado de S.Paulo, 24/06) reconhece: “Nunca antes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva confirmou tão cabalmente a máxima do senador Cristovam Buarque sobre
ele: “Tudo o que é bom foi o Lula quem fez; tudo o que dá errado é culpa dos
outros”. Valeu para o mensalão, vale para o petrolão, vai valer para os erros
crassos do governo Dilma Rousseff”.
O Editorial do
Estadão termina assim: “Subiu na vida pública transformando os adversários
políticos em inimigos a serem destruídos. E agora demonstra uma consternação
hipócrita: “Jamais vi o ódio que está na sociedade. Família brigando dentro
de família, companheiro do PT que não pode entrar em restaurante...”.
Lamenta, com lágrimas de crocodilo, estar colhendo o amargo fruto que
plantou”.
Convenientemente,
o ex-presidente se esqueceu de quem instaurou o “nós contra eles” e “o ódio
que está na sociedade”. Para ele e os
que não se lembrem, basta olhar a foto tirada por Emmanuel Pinheiro
(Folhapress) em 2002!
E agora, chegou
a hora da colheita das vinhas da ira.
Edição n.º 993 - página 01