sexta-feira, 19 de junho de 2015

INCLUSÃO – O DIREITO DE PERTENCER

“A pedagogia que me toca é a pedagogia que escuta, provoca e vive a difícil experiência da liberdade...” – Paulo Freire – Educador brasileiro


Vivemos num tempo de muitos paradoxos. A liberdade de ser, estar, pensar e agir é exaltada. Mas, dependendo do assunto, da hora e do lugar, é criticada e reprimida. Que liberdade é esta?

As pessoas com necessidades especiais são incentivadas a participar ativamente de todos os núcleos e atividades sociais, em nome da prestigiada “inclusão social”. Mas, as adaptações necessárias a esta participação integral, deixam a desejar, inviabilizando o acesso de muitos. Que inclusão é esta?

A conclusão é de que existe liberdade e inclusão. Mas há limites e fatores circunstanciais que podem impossibilitar tanto a liberdade, quanto a inclusão.


Ainda há muita intolerância, derivada da ignorância dos fatos e das diferentes realidades existentes. Sim, é difícil entender e chegar a um consenso. Por estas razões, precisamos falar sobre tudo, buscar caminhos, cavar espaços, vislumbrar possibilidades e ter muita criatividade e espírito inovador.

A inovação tem sido muito associada aos avanços tecnológicos, mas também está presente nos lugares mais inóspitos. Por vezes, condições precárias, devido à falta de recursos de toda ordem, são o maior estímulo para um espírito inovador entrar em ação. Como disse o educador brasileiro Moacir Gadotti, “O homem, na sua essência, é um ser inacabado, num processo contínuo de vir a ser, mediado pelo acesso às interações sociais.”



Se viver não tem sido fácil para os que não têm limitações de nenhuma espécie, dá para imaginar os obstáculos enfrentados todos os dias, por quem é portador de necessidades especiais. Mesmo quando os recursos financeiros estão à disposição, é preciso contar com adaptações de instalações, acessos, compreensão e colaboração da sociedade. Por exemplo, de que adianta um ônibus com piso rebaixado, que possibilita acesso a cadeirantes, se alguém não se dispuser a auxiliar a pessoa com deficiência motora a entrar no coletivo?

A despeito de estarmos longe do ideal, é animador ver como cada dia mais, pessoas portadoras de necessidades especiais participam da vida em sociedade. Não ficam mais em casa, escondidas, como há algumas décadas.


Desde a infância, a prática da inclusão enriquece a todos. Existem escolas e instituições especializadas, mas é estimulada a participação dos “alunos especiais”, nas turmas regulares. Os tabus são, aos poucos derrubados e a humanização acontece.

Como ocorre com qualquer outro nicho de mercado, as marcas estão percebendo que precisam atender estas novas demandas. Segundo o IBGE, aproximadamente 15% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência. Portanto, necessitam de produtos e serviços específicos. Se considerarmos seus familiares, amigos próximos e profissionais diretamente envolvidos, são muitas as pessoas sensíveis a tudo que diga respeito ao atendimento de necessidades especiais. Há muito mais empatia e engajamento – fatores que geram uma nova realidade, que pode ser surpreendentemente benéfica para todos.
















 Edição n.º 992 - página 07



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