“A pedagogia que me toca é a pedagogia
que escuta, provoca e vive a difícil experiência da liberdade...” – Paulo
Freire – Educador brasileiro
Vivemos num tempo de muitos
paradoxos. A liberdade de ser, estar, pensar e agir é exaltada. Mas, dependendo
do assunto, da hora e do lugar, é criticada e reprimida. Que liberdade é esta?
As pessoas com necessidades
especiais são incentivadas a participar ativamente de todos os núcleos e
atividades sociais, em nome da prestigiada “inclusão social”. Mas, as adaptações
necessárias a esta participação integral, deixam a desejar, inviabilizando o
acesso de muitos. Que inclusão é esta?
A conclusão é de que existe
liberdade e inclusão. Mas há limites e fatores circunstanciais que podem
impossibilitar tanto a liberdade, quanto a inclusão.
Ainda há muita
intolerância, derivada da ignorância dos fatos e das diferentes realidades
existentes. Sim, é difícil entender e chegar a um consenso. Por estas razões,
precisamos falar sobre tudo, buscar caminhos, cavar espaços, vislumbrar
possibilidades e ter muita criatividade e espírito inovador.
A inovação tem sido muito
associada aos avanços tecnológicos, mas também está presente nos lugares mais
inóspitos. Por vezes, condições precárias, devido à falta de recursos de toda
ordem, são o maior estímulo para um espírito inovador entrar em ação. Como
disse o educador brasileiro Moacir Gadotti, “O homem, na sua essência, é um ser
inacabado, num processo contínuo de vir a ser, mediado pelo acesso às
interações sociais.”
Se viver não tem sido fácil
para os que não têm limitações de nenhuma espécie, dá para imaginar os
obstáculos enfrentados todos os dias, por quem é portador de necessidades especiais.
Mesmo quando os recursos financeiros estão à disposição, é preciso contar com
adaptações de instalações, acessos, compreensão e colaboração da sociedade. Por
exemplo, de que adianta um ônibus com piso rebaixado, que possibilita acesso a
cadeirantes, se alguém não se dispuser a auxiliar a pessoa com deficiência
motora a entrar no coletivo?
A despeito de estarmos
longe do ideal, é animador ver como cada dia mais, pessoas portadoras de
necessidades especiais participam da vida em sociedade. Não ficam mais em casa,
escondidas, como há algumas décadas.
Desde a infância, a prática
da inclusão enriquece a todos. Existem escolas e instituições especializadas,
mas é estimulada a participação dos “alunos especiais”, nas turmas regulares. Os
tabus são, aos poucos derrubados e a humanização acontece.
Como ocorre com qualquer outro
nicho de mercado, as marcas estão percebendo que precisam atender estas novas
demandas. Segundo o IBGE, aproximadamente 15% dos brasileiros têm algum tipo de
deficiência. Portanto, necessitam de produtos e serviços específicos. Se
considerarmos seus familiares, amigos próximos e profissionais diretamente
envolvidos, são muitas as pessoas sensíveis a tudo que diga respeito ao
atendimento de necessidades especiais. Há muito mais empatia e engajamento –
fatores que geram uma nova realidade, que pode ser surpreendentemente benéfica
para todos.
Edição n.º 992 - página 07
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