sexta-feira, 5 de junho de 2015

CONTRADIÇÕES E LIBERDADE, LIBERDADE E CONTRADIÇÕES

“Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela.” – Fernando Pessoa – O Eu Profundo



E dia 7 de junho é o Dia da Liberdade de Imprensa, que mundialmente também é comemorado no dia 3 de maio. Por um lado, parece que hoje a liberdade de expressão é enorme, se pensarmos no que acontecia há algumas décadas, quando muitos assuntos eram “proibidos”. Por outro, parece que a cada dia a repressão aumenta. E não digo apenas em relação a fatos da política, que tradicionalmente associamos à repressão. A imprensa trata de todos os assuntos. Política é apenas um deles.

Nasci em uma família de professores. Portanto, livros, jornais e revistas sempre fizeram parte do meu mundo. Lembro bem do som da máquina de escrever, quando meus pais trabalhavam em casa, datilografando apostilas e provas, num tempo em que nem passava pelas nossas cabeças que no futuro existiriam computadores e internet – boas lembranças.



A liberdade de imprensa tem uma relevância social. A liberdade de expressão começa no pessoal e se estende ao social. Para que haja liberdade de imprensa, é preciso antes haver liberdade de expressão, que como quase tudo, começa em casa, segue pela vida escolar, na comunidade e na vida profissional.

Há, do meu ponto de vista, um paradoxo – inimaginável, no que diz respeito à liberdade de expressão. Fala-se muito da diversidade, da pluralidade, de direitos humanos. Comemora-se o “empoderamento” do consumidor, o direito irrestrito à voz de qualquer um que tenha acesso à internet e se manifeste através de blogs, sites ou redes sociais. E quem não tem, pode se manifestar na rua, nos ônibus e trens, onde quer que esteja. Mas... nunca vi tantas agressões, àqueles que não comungam da mesma opinião. E pode ser referente à criação dos filhos, às escolhas profissionais, questões de gênero, sexo, comportamento – qualquer assunto.



Mesmo quando aqueles que divergem, não infringem as leis vigentes, nunca vi tanta gente se achando no direito de julgar e condenar – e com muita agressividade, mesmo que “apenas” verbalmente. Se pararmos para pensar, em algum momento já fomos vítimas ou algozes. Que triste. Por isso, tenho começado por mim. Um dia, consigo ser menos paradoxal. Não é fácil; mas se eu posso, qualquer um pode. Basta perceber e querer.



Acredito que já há uma percepção de que não chegaremos muito longe, se não praticarmos mais o que desejamos vivenciar. Mesmo que sejamos poucos a praticar. É assim que muitos movimentos começam, com minorias. E hoje, até as minorias alcançam mais expressividade, graças aos meios de comunicação.

Que em breve possamos realmente comemorar a liberdade de expressão, que permitirá consolidar a verdadeira liberdade de imprensa!















Edição n.º 990- página 07

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