“Sentir é compreender. Pensar é errar.
Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra
pessoa sente é ser ela.” – Fernando Pessoa – O Eu Profundo
E dia 7 de junho é o Dia da
Liberdade de Imprensa, que mundialmente também é comemorado no dia 3 de maio.
Por um lado, parece que hoje a liberdade de expressão é enorme, se pensarmos no
que acontecia há algumas décadas, quando muitos assuntos eram “proibidos”. Por
outro, parece que a cada dia a repressão aumenta. E não digo apenas em relação
a fatos da política, que tradicionalmente associamos à repressão. A imprensa
trata de todos os assuntos. Política é apenas um deles.
Nasci em uma família de
professores. Portanto, livros, jornais e revistas sempre fizeram parte do meu
mundo. Lembro bem do som da máquina de escrever, quando meus pais trabalhavam
em casa, datilografando apostilas e provas, num tempo em que nem passava pelas
nossas cabeças que no futuro existiriam computadores e internet – boas
lembranças.
A liberdade de imprensa tem
uma relevância social. A liberdade de expressão começa no pessoal e se estende
ao social. Para que haja liberdade de imprensa, é preciso antes haver liberdade
de expressão, que como quase tudo, começa em casa, segue pela vida escolar, na
comunidade e na vida profissional.
Há, do meu ponto de vista,
um paradoxo – inimaginável, no que diz respeito à liberdade de expressão.
Fala-se muito da diversidade, da pluralidade, de direitos humanos. Comemora-se
o “empoderamento” do consumidor, o direito irrestrito à voz de qualquer um que
tenha acesso à internet e se manifeste através de blogs, sites ou redes
sociais. E quem não tem, pode se manifestar na rua, nos ônibus e trens, onde
quer que esteja. Mas... nunca vi tantas agressões, àqueles que não comungam da
mesma opinião. E pode ser referente à criação dos filhos, às escolhas
profissionais, questões de gênero, sexo, comportamento – qualquer assunto.
Mesmo quando aqueles que
divergem, não infringem as leis vigentes, nunca vi tanta gente se achando no
direito de julgar e condenar – e com muita agressividade, mesmo que “apenas”
verbalmente. Se pararmos para pensar, em algum momento já fomos vítimas ou
algozes. Que triste. Por isso, tenho começado por mim. Um dia, consigo ser
menos paradoxal. Não é fácil; mas se eu posso, qualquer um pode. Basta perceber
e querer.
Acredito que já há uma
percepção de que não chegaremos muito longe, se não praticarmos mais o que
desejamos vivenciar. Mesmo que sejamos poucos a praticar. É assim que muitos
movimentos começam, com minorias. E hoje, até as minorias alcançam mais
expressividade, graças aos meios de comunicação.
Que em breve possamos
realmente comemorar a liberdade de expressão, que permitirá consolidar a
verdadeira liberdade de imprensa!
Edição n.º 990- página 07
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