sexta-feira, 26 de junho de 2015

Colhendo o amargo fruto plantado


Com o cinismo que seus admiradores preferem interpretar como “visão pragmática” das questões políticas, Lula endossou de modo geral as críticas feitas por seus interlocutores ao governo, a Dilma e ao PT. Embora permissivo quando se trata de si próprio, da família e dos amigos, Luiz Inácio Lula da Silva se comporta com uma arrogância e uma presunção que o levam a colocar-se sempre acima do bem e do mal.” 
(Editorial, O Estado de S.Paulo, 23/06)



“Lula está tentando salvar a sua pele, fingindo que quer salvar o PT. Todo o desvario de Lula nos últimos dias tem a ver com a Lava-Jato, que o pega em momento de fragilidade do governo, do PT e de sua própria figura, antes inatacável, hoje exposta às críticas da opinião pública. Toda a crise petista tem a ver com Lula, foi ele quem levou o partido para acordos políticos deletérios, em nome de um pragmatismo político que cobra seus custos. O aparelhamento do Estado, uma das características do governo petista desde o primeiro momento, bem como a ampla coalizão partidária sem nexo programático e sem cobranças morais, que acabou em mensalões e petrolões foram estratégias montadas por Lula e José Dirceu para tomar conta do poder central”, escreveu Merval Pereira (O GLOBO, 24/06)
Já o  jornalista Elio Gaspari (O Globo, 24/06) ironiza: “Nosso Guia, Lula, essa metamorfose ambulante, apresentou-se com uma nova roupa. Dizendo-se "velho" e "cansado", defendeu uma "revolução interna" no Partido dos Trabalhadores. Ele não está falando sério quando diz: "Não sei se é defeito nosso ou do governo". Se acha que o defeito pode ser do governo, e não "nosso", acredita que alguém seja capaz de separar um do outro. Diz mais: "Eu acho que o PT perdeu um pouco de sua utopia". Casos como o do assassinato de Celso Daniel, o "mensalão" e as petrorroubalheiras dificultam a percepção de que o PT tenha perdido só "um pouco de sua utopia".
Na Folha de S.Paulo do dia 24, Bernardo Mello Franco escreve: “As críticas do ex-presidente Lula atacaram o governo Dilma e acusaram o partido de ter envelhecido e só pensar na ocupação de cargos. As críticas à sigla que fundou e à presidente que alojou em seu lugar demonstram irritação, destempero e temor com os avanços da Lava Jato.
E Dora Kramer afirma (O Estado de S.Paulo 24/06): “O mundo está desabando ao seu redor e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva fica ali, impávido, dando lição de moral como se nada tivesse a ver com o desmonte em questão. É um esperto, sobretudo, no que tange ao ofício da enganação. Tudo na medida de suas conveniências: surpreende pela desonestidade de ação e pensamento. Ele desqualificou, dobrou apostas, agrediu, alimentou a cizânia, disseminou a ideia de que o exercício da oposição era sinônimo de golpismo”.
A articulista Eliane Cantanhêde (O Estado de S.Paulo, 24/06) reconhece: “Nunca antes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou tão cabalmente a máxima do senador Cristovam Buarque sobre ele: “Tudo o que é bom foi o Lula quem fez; tudo o que dá errado é culpa dos outros”. Valeu para o mensalão, vale para o petrolão, vai valer para os erros crassos do governo Dilma Rousseff”.
O Editorial do Estadão termina assim: “Subiu na vida pública transformando os adversários políticos em inimigos a serem destruídos. E agora demonstra uma consternação hipócrita: “Jamais vi o ódio que está na sociedade. Família brigando dentro de família, companheiro do PT que não pode entrar em restaurante...”. Lamenta, com lágrimas de crocodilo, estar colhendo o amargo fruto que plantou”.
Convenientemente, o ex-presidente se esqueceu de quem instaurou o “nós contra eles” e “o ódio que está na sociedade”.     Para ele e os que não se lembrem, basta olhar a foto tirada por Emmanuel Pinheiro (Folhapress) em 2002!
E agora, chegou a hora da colheita das vinhas da ira.













Edição n.º 993 - página 01

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