Todos
nós temos aptidões e talentos e também a possibilidade de desenvolvê-los para o
crescimento pessoal e social. O respeito mútuo nos proporciona aprender e
aprimorar as coisas que fazemos.
O
fato contado por um autor desconhecido nos propõe pensar nessas idéias: “Há
muito tempo, ocorreu uma rixa entre um jovem poeta e um oleiro”. Para evitar
que o tumulto se agravasse, eles foram levados à presença do juiz da cidade. O
juiz, homem íntegro e bondoso, interrogou primeiramente o oleiro, que parecia
muito exaltado.
-“Disseram-me
que você foi agredido? Isso é verdade?”.
-”Sim,
senhor juiz, fui agredido em minha própria casa por esse poeta”. Eu estava,
como de costume, trabalhando em minha oficina, quando ouvi um ruído e a seguir
um baque. Quando fui à janela pude constatar que o poeta havia atirado com
violência uma pedra que partiu um dos vasos que estava secando perto da porta.
Exijo uma indenização! – gritava o oleiro.
O
juiz voltou-se para o poeta e perguntou-lhe serenamente: “Como justifica o seu
estranho procedimento?”
-”Senhor
juiz, o caso é simples”. Há três dias eu passava pela frente da casa do oleiro,
quando percebi que ele declamava um dos meus poemas. Notei com tristeza que os
versos estavam errados. Meus poemas eram mutilados pelo oleiro. Aproximei-me
dele e ensinei-lhe a declamá-los da forma certa, o que ele fez sem grande
dificuldade. No dia seguinte, passei pelo mesmo lugar e ouvi novamente o oleiro
a repetir os mesmos versos de forma errada. Cheio de paciência tornei a
ensinar-lhe a maneira correta e pedi-lhe que não tornasse a deturpá-los. Hoje,
finalmente, eu regressava do trabalho quando, ao passar diante da casa do
oleiro, percebi que ele declamava minha poesia estropiando as rimas e mutilando
vergonhosamente os versos. Não me contive! Apanhei uma pedra e parti com ela um
de seus vasos. Como vê, meu comportamento nada mais é do que uma represália
pela conduta do oleiro.
Ao
ouvir as alegações do poeta, o juiz declarou: “Que esse caso, oleiro, sirva de
lição para o futuro.” Procure respeitar as obras alheias a fim de que os outros
artistas respeitem as suas. Se você equivocadamente julgava-se no direito de
quebrar o verso do poeta, achou-se também o poeta egoisticamente no direito de
quebrar o seu vaso.
E
a sentença foi a seguinte: “Determino que o oleiro fabrique um novo vaso de
linhas perfeitas e cores harmoniosas, no qual o poeta escreverá um de seus
lindos versos. Esse vaso será vendido em leilão e a importância obtida pela
venda deverá ser dividida em partes iguais entre ambos.”
A
noticia sobre a forma inesperada como o sábio juiz resolveu a disputa
espalhou-se rapidamente. Foram vendidos muitos vasos feitos pelo oleiro e
adornados com os versos do poeta. Em pouco tempo os dois prosperaram muito.
Tornaram-se amigos e cada qual passou a respeitar e a admirar o trabalho do
outro.
O
oleiro mostrava-se arrebatado ao ouvir os versos do poeta, enquanto o poeta
encantava-se com os vasos criativos do oleiro.
O
fato dos outros não reconhecerem as obras que fazemos e o trabalho que
executamos, a arte com que realizamos as atividades, não nos dá o direito de
agredir, reclamar com violência, ou desmerecer a criatividade das outras
pessoas.
É
o encontro do que cada um realiza e executa na vida, que faz surgir uma obra
maior, com resultados positivos para todos. E isso em qualquer circunstância,
com qualquer tipo de atividade ou em qualquer situação. É somando o que é bom
que nós conseguiremos o melhor, o ótimo, o extraordinário, o excelente, o
indescritível, o admirável...
Não
vivemos sozinhos! Não realizamos as coisas, sozinhos! Precisamos uns dos
outros! Precisamos ampliar nossa consciência humana e social!
E
Deus nosso Pai, nos ilumina nessa mudança de atitude diante de nós mesmos e das
outras pessoas.
Edição n.º 970 - página 03
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