“Quem duvidava do compromisso da presidente
Dilma Rousseff com a boa gestão do dinheiro público tem mais uma razão, desde a
semana passada, para imitar São Tomé e esperar para ver. O modo como a presidente tem tratado o escândalo da Petrobras – e
ficou evidente em seu lamentável discurso de posse – é a prova provada de que
vai uma enorme distância entre intenção e gesto, entre promessa e atos.” (Editorial, O Estado de S.Paulo, 06/01, A3)
O articulista
Roberto Damatta também se sente indignado e escreve no Estadão (07/01, C8): “No dia 1.º, assisti à posse do segundo mandato da presidente. E
constatei o paradoxo de que havia mais novidade, esperança e energia na posse
de Getúlio Vargas (em 1951!) e na de JK (em 1956!) do que nesse apático rito de
passagem de Dilma Rousseff. Um triunfo eleitoral marcado, aliás, pelo uso
brutal e sem pejo do governo como máquina eleitoreira, exibindo autoridade,
arrogância e pedantismo vazio: como pode
alguém que já vem governando há quatro anos – os piores quatro anos de
um governo brasileiro –, dizer que o povo quer mais e melhor do mesmo? Como dar
crédito a quem governa, recebe críticas pelo que insiste em não fazer, e – no
rito de posse – promete solenemente fazer o que disse que não faria quando
governava?”
A charge de
Sponholz mostra que desde a época de Getúlio as coisas não mudaram muito, no
país.
E a charge do
jornal “Última Hora” (15/12/1956) critica a política industrial de JK, que investiu 28%
em transporte, mas apenas 2,8 % em educação.
Por isso é difícil acreditar que
promessas de campanha eleitoral sejam cumpridas.
O belo quadro “Incredulidade de São
Tomé”, pintado em ouro e têmpera sobre madeira por Duccio di Buoninsegna
(1255-1319) e que está exposto no Museo dell'Opera del Duomo (Siena, Itália),
representa um conhecido episódio bíblico (conferir em João 20:24-29): estando
ausente na primeira aparição de Jesus ressuscitado aos apóstolos, Tomé duvida,
não acredita e diz precisar de evidências – ver o sinal dos cravos nas
mãos e por o dedo no ferimento do peito de Cristo. Oito dias
depois, quando os apóstolos, incluindo Tomé, estavam outra vez reunidos, Jesus
aparece e diz a este último: “Põe o teu dedo no meu lado e olha as minhas mãos;
não sejas incrédulo, mas crente.”
Para os brasileiros cheios de
incredulidade retumbante, será preciso imitar São Tomé e esperar para ver para
poder, finalmente, crer.
Edição n.º 969 - página 01
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