A amizade surge de quatro
coisas: o benefício, a familiaridade, a conformidade de costumes e a
eloquência. E também são quatro as espécies de pessoas que facilmente
conquistam amizades: os poderosos, os liberais, os bondosos e os afáveis. E são
quatro as principais espécies de amigos: amigos da sorte, da mesa, da
fidelidade e do favor. Os amigos da sorte desaparecem quando desaparece a
sorte; os amigos da mesa desaparecem quando desaparece a mesa; os amigos da
fidelidade — fiéis — duram para sempre, e os amigos do favor duram enquanto
durar o favor.
E como é bom ter amigos que
sejam fiéis, sinceros e que permitam que compartilhemos as suas dores e também
as suas sortes, assim como eles compartilham as nossas, não permanecendo nas
margens quando somos arrastados pela correnteza.
Amigos que sejam
verdadeiros, justos, com eles próprios e com você.
Amigos que sejam tolerantes
com nossa intolerância e que, com a sua conduta, permitam que reflitamos sobre
a nossa e possamos entender que a verdade não se impacienta posto que seja
eterna.
Amigos que tenham respeito
pelos nossos pensamentos e considerações por nossas opiniões e crenças; amigos
que não apenas nos escutem, mas nos ouçam; amigos que entendam que as horas
batem igualmente para todos, mas possuem um som diferente para cada um de nós;
amigos que não nos ofendam, mas falam decentemente e com dignidade; amigos que
não cobicem e invejem, mas se alegram em vendo a nossa felicidade, dela
participando.
Enfim, amigos que permitam
que entendamos que a amizade é uma via de mão dupla, onde a reciprocidade de
tratamento deve ser uma constante e a fidelidade objeto de constante e
permanente cultivo.
Felizes aqueles que têm e
são amigos fiéis!
Edição n.º 970 - página 08
Nenhum comentário:
Postar um comentário