sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre a amizade



A amizade surge de quatro coisas: o benefício, a familiaridade, a conformidade de costumes e a eloquência. E também são quatro as espécies de pessoas que facilmente conquistam amizades: os poderosos, os liberais, os bondosos e os afáveis. E são quatro as principais espécies de amigos: amigos da sorte, da mesa, da fidelidade e do favor. Os amigos da sorte desaparecem quando desaparece a sorte; os amigos da mesa desaparecem quando desaparece a mesa; os amigos da fidelidade — fiéis — duram para sempre, e os amigos do favor duram enquanto durar o favor.
E como é bom ter amigos que sejam fiéis, sinceros e que permitam que compartilhemos as suas dores e também as suas sortes, assim como eles compartilham as nossas, não permanecendo nas margens quando somos arrastados pela correnteza.


Amigos que sejam verdadeiros, justos, com eles próprios e com você.
Amigos que sejam tolerantes com nossa intolerância e que, com a sua conduta, permitam que reflitamos sobre a nossa e possamos entender que a verdade não se impacienta posto que seja eterna.
Amigos que tenham respeito pelos nossos pensamentos e considerações por nossas opiniões e crenças; amigos que não apenas nos escutem, mas nos ouçam; amigos que entendam que as horas batem igualmente para todos, mas possuem um som diferente para cada um de nós; amigos que não nos ofendam, mas falam decentemente e com dignidade; amigos que não cobicem e invejem, mas se alegram em vendo a nossa felicidade, dela participando.


Enfim, amigos que permitam que entendamos que a amizade é uma via de mão dupla, onde a reciprocidade de tratamento deve ser uma constante e a fidelidade objeto de constante e permanente cultivo.
Felizes aqueles que têm e são amigos fiéis!

 



Edição n.º 970 - página 08









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