Dias piores virão
“Os cidadãos ficam sem água aqui, e o setor público desperdiça água
tratada (vazamentos, canos furados, etc.) ali. Tanto por falta de planejamento,
infraestrutura, investimento, manutenção, treinamento de pessoal, como por
descaso mesmo. E não adianta dizer que “Deus é brasileiro, e vai fazer chover e aliviar a situação dos reservatórios de água no Sudeste”,
como espera o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.” (Eliane Cantanhêde, O Estado de
S.Paulo, 23/01, A7)
A articulista
continua: “O setor público é incrívelmente capaz de bater cabeça – e de cometer
erros. Há um desperdício de 37% da água tratada no Brasil. Só em São Paulo, que
vive uma alarmante falta de água, o desperdício em 2013 foi de 34,3%.”
Já em abril do
ano passado, a capa do caderno Aliás
(O Estado de S.Paulo, 23/04/2014,
E1) alertava para o “sertão de políticas” do governo: o Cantareira ganhou ares
de semiárido. E, com recordes negativos dia após dia no reservatório, a
população se pergunta que pontos do problema deixaram de ser irrigados. Segundo
um professor de engenharia ambiental da Poli-USP, “um deles é de ordem
política: no Nordeste, a questão da água está na pauta de todo governante; no
Sudeste, só se discutem as inundações. Outro ponto é o uso racional: é preciso
economizar no consumo”. Ele diz ainda
que uma solução para o futuro seria seguir o exemplo de Cingapura, que trata e
reúsa quase todo o seu esgoto para consumo doméstico.
Como se observa
pelas fotos, o solo do fundo dos reservatórios está estorricado de seco, e as
réguas medidoras do nível da água estão
todas aparentes. A utilidade delas parece se limitar, atualmente, a ser “pau de
selfie” para passarinhos que queiram registrar o absurdo terrível dessa
situação, como mostra a charge de Jean Galvão.
É o sertão de
políticas públicas a transformar reservatórios hídricos em semiárido.
E dias piores
virão: na semana, cinco deles sem água nas torneiras, em São Paulo, de acordo
com a Sabesp.
Lamentável!
Edição n.º 972 - página 01
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