sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dias piores virão

Os cidadãos ficam sem água aqui, e o setor público desperdiça água tratada (vazamentos, canos furados, etc.) ali. Tanto por falta de planejamento, infraestrutura, investimento, manutenção, treinamento de pessoal, como por descaso mesmo. E não adianta dizer que “Deus é brasileiro, e vai fazer chover e aliviar a situação dos reservatórios de água no Sudeste”, como espera o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.” (Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo, 23/01, A7)







A articulista continua: “O setor público é incrívelmente capaz de bater cabeça – e de cometer erros. Há um desperdício de 37% da água tratada no Brasil. Só em São Paulo, que vive uma alarmante falta de água, o desperdício em 2013 foi de 34,3%.”



Já em abril do ano passado, a capa do caderno Aliás (O Estado de S.Paulo, 23/04/2014, E1) alertava para o “sertão de políticas” do governo: o Cantareira ganhou ares de semiárido. E, com recordes negativos dia após dia no reservatório, a população se pergunta que pontos do problema deixaram de ser irrigados. Segundo um professor de engenharia ambiental da Poli-USP, “um deles é de ordem política: no Nordeste, a questão da água está na pauta de todo governante; no Sudeste, só se discutem as inundações. Outro ponto é o uso racional: é preciso economizar no consumo”.  Ele diz ainda que uma solução para o futuro seria seguir o exemplo de Cingapura, que trata e reúsa quase todo o seu esgoto para consumo doméstico.


Como se observa pelas fotos, o solo do fundo dos reservatórios está estorricado de seco, e as réguas medidoras do nível da água estão todas aparentes. A utilidade delas parece se limitar, atualmente, a ser “pau de selfie” para passarinhos que queiram registrar o absurdo terrível dessa situação, como mostra a charge de Jean Galvão.


É o sertão de políticas públicas a transformar reservatórios hídricos em semiárido. 


E dias piores virão: na semana, cinco deles sem água nas torneiras, em São Paulo, de acordo com a Sabesp.
Lamentável!











 Edição n.º 972 - página 01


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