“Ler as letras de uma página é como
adquirir um sentido inteiramente novo na vida. O astrônomo lendo um mapa de
estrelas que não existem mais; os pais lendo no rosto do bebê sinais de
alegria, medo ou admiração; o amante lendo o corpo do amado, à noite sob os
lençóis; o psiquiatra ajudando os pacientes a ler seus sonhos perturbadores; o
agricultor lendo o tempo do céu – todos eles compartilham com os leitores de
livros a arte de decifrar e traduzir signos.” (Alberto Mangel, escritor)
Nesta época em que se
estimula a criança a gostar de ler, é preciso não esquecer de incentivar também
os adultos a lerem mais, e a aproveitarem suas leituras para melhor
compreenderem a vida, a natureza e os outros seres humanos. Para que consigam
refletir sobre juízo de valores e fazer análises críticas das situações
diárias, entender o subtexto do discurso dos candidatos políticos, ser mais
cidadãos, enfim.
O Brasil tem a oitava
indústria editorial do mundo, mas da população alfabetizada maior de 14 anos,
apenas 20% compram livros! E, do total de 5561 municípios brasileiros, apenas
11% têm livrarias.
E a TV produz, na opinião
do psicanalista Carlos Perthold, o sintoma William Moreira (termo fusão tirado
dos nomes dos comunicadores William Bonner e Cid Moreira): a pessoa entende o
que ouve, mas não o que lê, pois para ela apenas a audição está associada ao
significante. O que quer dizer que quando há um conjunto de frases com sujeito,
verbo, predicado e complementos, o portador desse sintoma se perde na
individualidade de cada palavra, sem compreender que, juntas, elas expressam um
pensamento.
Monteiro Lobato dizia que
um país se faz com homens e livros. Parece que há falta dos dois, hoje em dia.
Culpa de quem? Da TV que pouco estimula a leitura? Das raríssimas bibliotecas e
dos livros – artigos – de – luxo?
É tempo de a leitura
especial para adultos – jornais e revistas e livros que ensinem a arte de
decifrar e traduzir signos – seja o que desperte o interesse dos leitores em
geral. Para que, lendo as letras de uma página se adquira um sentido
inteiramente novo da vida. Vai valer a pena!
Edição n.º 971 - página 02
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