sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

LINGUAGEM E ARTE



“Nesses novos tempos, cabe, no ensino de literatura, um espaço para a reflexão por outras artes e outros saberes, pontuando-se sempre que a arte – e a literatura – só pode ser arte se desautomatizar a linguagem, o que exige aprofundamento, paciência e consciência de linguagem. Sempre o esforço: esta é a base da genialidade.” 
Sandra Regina Nunes – professora universitária



Um dos significados de arte, segundo o dicionário Houaiss, é “produção consciente de obras, formas ou objetos, voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. Dias 7 e 8 de janeiro foram, respectivamente, Dia do Leitor e do Fotógrafo.
Alguém poderia argumentar que, nem leitor, nem fotógrafo têm, necessariamente, relação com a arte. Discordo. Leitor, para ser homenageado, precisa ser, no mínimo, um apreciador de livros – tudo a ver com arte. E o fotógrafo, pela essência de seu ofício, produz arte.
Em breve, mais um ano letivo se inicia e infinitas possibilidades de aprendizado serão novamente desencadeadas. Inúmeros são os desdobramentos do que se aprende, pouco importando a área de conhecimento e atuação. Quem aprende, transmite o aprendizado a outros, mesmo que parcialmente. Em geral é pelo exemplo, por suas próprias atitudes, modificadas pelos ensinamentos assimilados – que é o modo mais efetivo.
A sociedade atual tem vivenciado muitos paradoxos. Dentre eles, o da linguagem. Nunca se falou tanto em novas linguagens, como forma de expressão das diversidades. E a Língua Portuguesa nunca foi tão desvalorizada.  Não entendo. Como dissociar uma coisa da outra? Muitos se consideram alfabetizados, mas não conseguem interpretar textos simples, do cotidiano. Nem tampouco transmitir opiniões e ideias através de textos. Só pode ser por isso que é possível ‘zerar’ na prova de redação da FUVEST!
Se vivemos num país de língua portuguesa, é através dela que nos comunicamos. Todas as demais disciplinas dependem do aprendizado da língua, falada e escrita. É o básico. A partir daí, tudo é interação. Como falar em interdisciplinaridade, autonomia e cidadania, àqueles que mal falam e escrevem sua língua natal?
O tema ‘Educação’ vai muito além das considerações sobre o ano letivo, dos planos de governo. Mas começa em casa, porque está ligado à noção de valores. E no que diz respeito a valores, somos multiplicadores. Mais uma vez, pelo exemplo.



Se, como diz a professora Sandra Regina Nunes, para desautomatizar a linguagem é preciso o esforço do aprofundamento e da consciência da linguagem, sem o qual não se produz arte, é preciso investir mais tempo e recursos na educação, em casa. Sem arte, leitores e fotógrafos não sobreviverão.













Edição n.º 969 - página 07

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