sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A CPI da CPI da Petrobras




Em razão das investigações da Polícia Federal sobre as relações entre o doleiro Alberto Youssef e o ex- diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, num esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões e que culminou com a prisão dos dois, com a suspeita de que a organização criminosa atuou internamente na estatal, a oposição ao governo no Congresso passou a defender a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Pra que se entenda, uma CPI possui um prazo para apurar um determinado fato e tem os mesmos poderes de investigação das autoridades judiciais. Com o apoio de um terço dos parlamentares, a CPI pode ser instalada no Senado, na Câmara dos Deputados ou ter caráter misto (CPMI), quando reúne representantes das duas casas. A CPI pode convocar pessoas para depor, ouvir testemunhas e requisitar documentos. Se for necessária a responsabilização civil e criminal, ao final dos trabalhos, a comissão pode enviar relatório para o Ministério Público.

Devido a divergências entre governo e oposição, foram instaladas duas comissões, em maio, para investigar as supostas irregularidades envolvendo a Petrobras: uma no Senado (defendida pelos governistas) e outra mista (apoiada pela oposição). Essas CPIs têm por objetivo averiguar a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, que teria causado à estatal perdas superiores a US$ 1 bilhão; suposto superfaturamento envolvendo refinarias da estatal; irregularidades em plataformas; suspeita de que a empresa holandesa SBM Offshore pagou propina a funcionários da estatal; a construção do Porto de Suape, em Pernambuco.


Mas a revista Veja (-sempre a revista Veja-) publicou, no final de semana, denúncia de que o governo e lideranças do PT teriam passado previamente para os principais investigados da CPI perguntas que seriam feitas por parlamentares, com o intuito de combinar as respostas entre eles (Veja, edição 2.385, ano 47, nº 32, capa e p. 56 e seguintes - Petrobrás. A fraude montada para enganar a CPI). Essa farsa teria envolvido a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró, os quais tiveram acesso antecipado às perguntas que lhes seriam feitas na CPI do Senado.

Diante disso, só restou ao presidente do Senado, Renan Calheiros, abrir uma comissão de sindicância para investigar a participação de servidores daquela casa legislativa em uma possível fraude na CPI instalada.


Questionada, a presidente Dilma negou, em nota, qualquer envolvimento seu e do Palácio do Planalto nessa suposta combinação de perguntas e respostas. Por sua vez, o senador Pedro Simon (PMDB/RS), discursando sobre esses fatos, afirmou que CPI não é mais uma coisa séria, principalmente depois que o presidente do Senado resolveu meter no mesmo balaio a Petrobras e eventuais irregularidades em São Paulo, Minas e Pernambuco, irregularidades essas que deveriam ser objeto de CPIs distintas.


Afinal, a CPI foi instalada para apurar ou encobertar? É que, como visto, tudo não passa de um jogo de cena pra inglês ver! E o povo brasileiro como fica? Ah! O povo?! O povo parece ser um mero detalhe!... Como dormir com um barulho desses?









Edição n.º 947 - página 08

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