sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Aconteceu em Valinhos, há 104 anos!


 
Adoniran, homem-aranha, no filme O Cangaceiro de Lima Barreto 
– Prêmio Internacional de Cannes - França


Felizmente a tenacidade de João Rubinato (Adoniran Barbosa) não ficou atolada no barro da olaria às margens do Ribeirão Pinheiro, em Valinhos, onde ele nasceu em 7 de agosto de 1910, sete dias antes que Thomas Edison inventasse o cinema falado.
Adoniran nos deu o exemplo de como trabalhar, com genialidade e criatividade, dons pessoais e intransferíveis. É que ele soube identificar a sementinha da sabedoria inata que o Criador implantou em seu destino.
Adoniran não podia mesmo continuar vivendo em Valinhos. Ele precisaria ir para São Paulo, onde iria conhecer os recursos dos meios de comunicação sonoros, visuais e impressos (rádio, circo , cinema, teatro, gravadora, televisão, jornais e revistas) para divulgar suas composições, cantar e representar os personagens aos quais daria vida, com visão crítica, jocosa, romântica, com sua política social e desportiva, de verve popular.
E foi por sua vivência na cosmopolita capital que Adoniran se tornou o maior cronista de São Paulo, e sua obra mereceu, e continua merecendo, estudos de mestrados e doutorandos, além de livros que comentam suas composições e suas personagens.
Antônio Cândido, crítico e Mestre em Português da Universidade de São Paulo fez questão de recomendar, já em 1975, o LP lançado pela gravadora Odeon: “Adoniran Barbosa é um grande compositor e poeta popular... Da mistura, que é o sal de nossa terra, Adoniran escolheu a flor e produz uma obra radicalmente brasileira, em que se identificam as melhores cadências do samba e da canção.
A fidelidade à música e à fala do  povo permitiu a Adoniran exprimir a sua cidade (São Paulo), de modo completo e perfeito. Ele apurou um novo modo cantante de falar português, como  língua geral na convergência dos dialetos peninsulares e do baixo contínuo vernáculo. A sua poesia e a sua música são, ao mesmo tempo, brasileira em geral e paulistana em particular. Talvez João Rubinato não exista, porque quem existe é o mágico Adoniran Barbosa, vindo para inventar no plano da arte a permanência da sua cidade e depois fugir, com ela e conosco, para a terra da poesia, ao apito fantasmal do trenzinho perdido da Cantareira”






Edição n.º 948 - página 02

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