sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Tempo feio sobre o planalto




Como se sabe, a política, em boa parte, é uma arte da imagem. E da palavra. O político não precisa ser. Basta parecer. O que diz não precisa ser verdade ou mentira. Basta que produza os efeitos desejados. Falta à política, e aos políticos, imaginação para reinventar-se na luta, na manutenção e no uso do poder. (Luiz Zanin Oricchio, O Estado de S.Paulo, 10/7, C5)


 

Nessa arte da ocultação/revelação, o filme “Viva a Liberdade”, comédia aguda e refinada, faz a crítica mordaz da atividade política em geral, essa que não se renova há séculos, embora o mundo tenha mudado muito, e continue a mudar a cada dia, conclui o crítico de cinema do Estadão.
Na atual “guerra” de imagens e palavras que têm em vista as próximas eleições presidenciais, por exemplo, o candidato tucano afirmou que, caso eleito, irá rever os contratos obscuros com o regime cubano. Por isso, e acuada pela queda nas pesquisas recentes, que já apontam para empate técnico no eventual segundo turno, a presidente candidata disse que “o senador” pretende acabar com o programa “Mais Médicos”. Ao que, ele respondeu: “Não há nada que desqualifique tanto o debate político e desonre tanto a democracia quanto o uso da mentira e de artifícios como o de colocar na boca do adversário palavras que ele não disse”, e reafirmou que não pretende abolir o programa, e sim aperfeiçoá-lo.
Ao mesmo tempo, as manchetes dos grandes jornais diários estampam em suas manchetes de capa os malfeitos de congressitas, tanto deputados federais como senadores, e as palavras tortas com que eles se justificam.
No entanto, “a História se encarrega de juntar ideias e fatos, fazer justiça, costurar acontecimentos e narrar os fatos reais que a política tentou embaralhar, falsear e, por vezes, negar. Só que as duas - a História e a política - protagonizam tempos diferentes. Porque trabalha com o momento presente, a política não tem compromisso com a verdade e se aproveita do mais oportunista apelo do momento. A História trabalha com tempo mais longo, seu papel é recolocar em seus lugares ideias e fatos que a política falseou no passado e contar como se passou a verdade”, escreveu Suely Caldas (O Estado de S.Paulo, 3/11/2013)
Fazendo a interlocução entre arte, História e política porque o mundo tem mudado e muda a cada dia vamos refletir sobre o que tem sido falseado, omitido ou negado por palavras, obras e oportunismo dos nossos representantes.
Daí a urgência de aproveitar a oportunidade de fazer a nossa parte e melhorar a qualidade dos políticos em quem votaremos: cobremos deles mais verdade, justiça e ética.
Anular o voto, votar em branco ou não ir votar (cidadãos entre 16 e 18 anos, ou de mais de 70 anos) favorece a continuidade da borrasca (no sentido figurado) que castiga o planalto.

Às urnas, então, em 5 de outubro, para que um arco-íris possa fazer brilhar as últimas gotículas dessa tempestade que já dura tempo demais.









Ed. n.º 946 - Página 1

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