“Como se
sabe, a política, em boa parte, é uma arte da imagem. E da palavra. O político
não precisa ser. Basta parecer. O que diz não precisa ser verdade ou mentira.
Basta que produza os efeitos desejados. Falta à política, e aos políticos,
imaginação para reinventar-se na luta, na manutenção e no uso do poder.
(Luiz Zanin Oricchio, O Estado de S.Paulo,
10/7, C5)
Nessa arte da
ocultação/revelação, o filme “Viva a Liberdade”, comédia aguda e refinada, faz
a crítica mordaz da atividade política em geral, essa que não se renova há
séculos, embora o mundo tenha mudado muito, e continue a mudar a cada dia,
conclui o crítico de cinema do Estadão.
Na atual
“guerra” de imagens e palavras que têm em vista as próximas eleições
presidenciais, por exemplo, o candidato tucano afirmou que, caso eleito, irá rever os contratos
obscuros com o regime cubano. Por isso, e acuada pela queda nas pesquisas
recentes, que já apontam para empate técnico no eventual segundo turno, a
presidente candidata disse que “o senador” pretende acabar com o programa “Mais
Médicos”. Ao que, ele respondeu: “Não há nada que desqualifique tanto o debate
político e desonre tanto a democracia quanto o uso da mentira e de artifícios
como o de colocar na boca do adversário palavras que ele não disse”, e
reafirmou que não pretende abolir o programa, e sim aperfeiçoá-lo.
Ao mesmo tempo,
as manchetes dos grandes jornais diários estampam em suas manchetes de capa os
malfeitos de congressitas, tanto deputados federais como senadores, e as
palavras tortas com que eles se justificam.
No entanto, “a História se encarrega de juntar ideias e
fatos, fazer justiça, costurar acontecimentos e narrar os fatos reais que a
política tentou embaralhar, falsear e, por vezes, negar. Só que as duas - a
História e a política - protagonizam tempos diferentes. Porque trabalha com o
momento presente, a política não tem compromisso com a verdade e se aproveita
do mais oportunista apelo do momento. A História trabalha com tempo mais longo,
seu papel é recolocar em seus lugares ideias e fatos que a política falseou no
passado e contar como se passou a verdade”, escreveu Suely Caldas (O Estado de S.Paulo, 3/11/2013)
Fazendo a interlocução entre arte, História e política ‒ porque o mundo tem mudado e muda a cada dia ‒ vamos refletir sobre o que tem sido falseado, omitido ou
negado por palavras, obras e oportunismo dos nossos representantes.
Daí a urgência de aproveitar a oportunidade
de fazer a nossa parte e melhorar a qualidade dos políticos em quem votaremos:
cobremos deles mais verdade, justiça e ética.
Anular o voto, votar em branco ou
não ir votar (cidadãos entre 16 e 18 anos, ou de mais de 70 anos) favorece a
continuidade da borrasca (no sentido figurado) que castiga o planalto.
Às urnas, então, em 5 de outubro, para que um arco-íris
possa fazer brilhar as últimas gotículas dessa tempestade que já dura tempo
demais.
Ed. n.º 946 - Página 1
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