A cada dois anos, em agosto, “brota” um tapete de um
milhão de flores naturais (begônias), que se estende por 1800 m² na Grande Praça de Bruxelas, capital da Bélgica. Essa beleza
efêmera dura apenas um fim de semana: o da Assunção (15 de agosto)!
E, por aqui, começa o horário eleitoral (que de
gratuito não tem absolutamente nada, muito pelo contrário!) no rádio e na
televisão: sem a mínima naturalidade, sem espontaneidade, sem colorido ou
beleza, ele se estende por dois meses, até as eleições de outubro.
Em vista do começo da exposição dos candidatos a
cargos políticos nos programas do horário eleitoral e levando em conta a
coincidência de pontos de vista (dele e meu), transcrevo em seguida o que escreveu o médico, psicanalista e colunista
Francisco Daudt na Folha de S.Paulo
(20/08).
“Por mais
que queira deixar explícito meu repúdio específico na minha coluna, a política
interna do jornal considera “cláusula pétrea” a não declaração de voto. No meu
caso nem seria isso, seria uma declaração de não-voto. Por mais que tenha
horror da má gestão econômica, da postura tirânica, da arrogância que não
reconhece erros, do jeito de governar dando esporros, da interferência na vida
dos cidadãos, do mau uso do dinheiro dos impostos, do aparelhamento da máquina
inchada do Estado, dos investimentos mínimos, da maquiagem da inflação, da
política externa vergonhosa manipulada por interesses ideológicos que servem ao
partido e não ao país (como sempre havia sido a tradição do Itamaraty), tudo
voltado para um projeto de eternização no poder, não posso declarar meu
não-voto.”
Àqueles
que, como o articulista da Folha, sentem-se enojados com os candidatos em geral
e pensam em anular seu voto, explique-se que o voto nulo não é um voto de
protesto, mas apenas facilita a vida dos aloprados, dos corruptos e/ou dos
palhaços: quem for eleito, vai ser eleito com o percentual de votos válidos:
se, de cem eleitores, oitenta anularem o voto, um candidato pode ganhar com onze votos, como explica
Francisco Daudt.
É hora de lembrarmos o que afirmou o político liberal britânico Lord Gladstone (1809-1898): “O
homem honesto precisa ser tão atrevido quanto o canalha, ou este prevalecerá”.
Portanto, melhor votar no menos pior, pois alguém será
eleito para governar ou para legislar.
Às urnas!
Edição n.º 949 - página 01
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