“Fica
numa prateleira no alto do armário. Já foi uma caixa de sapatos enfeitada para
o Dia dos Pais, um presente da minha filha mais velha. Dentro dela, papel
cartão rosa, vermelho e branco, desenhos e colagens com três tipos de macarrão,
jujubas e confeitos, tudo aquilo grudado com um exagero de cola branca.
A
caixa de sapatos está enrugada e mofada onde as jujubas e os confeitos
derreteram. Está grudenta em alguns lugares. Mas é um repositório de relíquias
da infância dos meus filhos.
Se
levantar a tampa, você vai entender por que a guardo. Em folhas dobradas e
desbotadas de bloco pautado, agora frágeis, estão as palavras: “oi, papai”,
“Felis Di dos Pais” e “Ti amo”. No fundo da caixa, colados, 23 corações feitos
de miçangas. Com seus rabiscos, cada um dos três escreveu o nome. É o produto do
amor em seu estado mais puro e verdadeiro.
As
crianças agora são adultas. Ainda me amam, embora tenham dificuldade, às vezes,
de demonstrar. O amor se complica com a idade e o conhecimento. É amor, sim,
mas não é simples. Não é uma coisa que se poderia colocar numa caixa de
sapatos.
Ninguém
sabe que aquele presente antigo e grudento está lá. De vez em quando eu o desço
do armário e abro a caixa. É uma coisa em que posso tocar, segurar e acreditar,
agora que não há mais bracinhos ao redor do meu pescoço.
É
o meu baú do tesouro. E ele significa amor. Quero “levá-lo aonde quer que eu
vá”.
Esse
relato do escritor americano Robert Fulghum, na sua simplicidade toca o nosso
coração e nossa mente e nos leva à reflexão.
Todo
dia é “Dia dos Pais”, mas especialmente nesta data os sentimentos e emoções
afloram e esquentam nossos corações.
Quanto
carinho existe na relação pai e filho! Como é vibrante para o pai dizer em
qualquer circunstância ou situação, ‘meu filho’, ‘minha filha’! E está faltando
isso no mundo hoje! Está muito ausente a expressão do amor paternal e também do
amor filial. Certamente esse é um dos motivos de estarmos vendo e sentindo a
desorientação e violência de tantos jovens.
Em
contrapartida, também vemos e sentimos os jovens felizes, ligados à família,
preocupados em viver bem a vida, buscando a realização pessoal e comunitária.
Quantos
pais já não têm a alegria de receber o amor dos filhos! Esses cresceram e se
distanciaram. Ah! Quando os filhos são pequenos e estão sempre por perto!
A
paternidade envolve superar desafios, enxugar lágrimas e também dar boas
risadas. Ser pai é uma história de amor incondicional, diferente, ímpar,
incomparável...
Que
todos os pais, jovens e idosos, presentes ou ausentes recebam o carinho dos
filhos, o pensamento de amor, a oração, a declaração do afeto...
E,
Deus, nosso Pai, ilumina e inspira os pais e os filhos para que sejam muito
amigos e encontrem tempo para conversar, refletir, brincar, rir, passear,
torcer, abraçar, corrigir, orientar, compartilhar...
Edição n.º 947 - página 03
Nenhum comentário:
Postar um comentário