“O
meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho
o costume de andar pelas estradas
Olhando
para a direita e para a esquerda,
E
de, vez em quando olhando para trás...
E o
que vejo a cada momento
É
aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E
eu sei dar por isso muito bem...
Sei
ter o pasmo essencial
Que
tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse
que nascera deveras...
Sinto-me
nascido a cada momento
Para
a eterna novidade do Mundo...
Creio
no mundo como num malmequer,
Porque
o vejo. Mas não penso nele
Porque
pensar é não compreender...
O
Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar
é estar doente dos olhos)
Mas
para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu
não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se
falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas
porque a amo, e amo-a por isso,
Porque
quem ama nunca sabe o que ama
Nem
sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar
é a eterna inocência,
E a
única inocência não pensar...
O
Meu Olhar – Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
A
dificuldade em fixar o olhar, tira mesmo a nitidez das coisas, dos fatos, das
pessoas.
Pode
embotar os sentidos e deixar perdido o mais talentoso e esforçado dos seres
humanos.
As
duras exigências do cotidiano podem ser uma boa justificativa. Pena (ou
graças), porque boas justificativas não nos salvam do sofrimento. Não aquietam
a alma, quando ela insiste em “gritar” que algo está fora do prumo...
A
qualidade dos relacionamentos é um termômetro preciso, quase impiedoso, mas
redentor!
Um
dos mais implacáveis é o desafio de ser pai.
Que
oportunidade! De se refazer, se recriar, através do ser mais desafiador – seu
próprio filho! Mas a recriação há que ser respeitosa, com o entendimento de que
este filho é, por mais parecido que seja com quem o gerou, outro ser. Único, com
diferentes anseios, com luz própria. É preciso que haja aceitação, sem a qual
não há comunhão.
Que
presente diferente, sem igual, irrecusável! Infeliz daquele que não compreender
tamanha dádiva...
Vida
profissional e vida pessoal, são aspectos de um só ser, que coexistem e
interagem. O resultado? Um ser humano mais completo, mais coerente, mais feliz.
Melhor em tudo.
Fácil?
Não. Simples? Nunca. Mas é sempre bom – muito bom.
Poucos
desafios podem ser maiores ou mais gratificantes.
Pelo
Dia dos Pais, parabéns àqueles que disseram “sim” e continuam gerando amor,
dedicação, tenacidade!
Edição n.º 947 - página 07
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