“A corrupção cresce na medida em que a
população se cala!”
(Ronaldo Marcelo
Kravicz)
O título que escolhi para a
minha escrita desta semana parece remeter a uma crônica. Mas na verdade a
pretensão é a de um artigo.
“Eram malas e malas de
dinheiro” é a transcrição de um trecho do depoimento bombástico de Meire Bonfim
Poza à Polícia Federal, que apura o esquema de lavagem de dinheiro utilizado
por políticos do PT, PMDB e PP. Meire Poza era a contadora do doleiro Alberto
Youssef, pego na Operação Lava Jato da Polícia Federal e preso desde março por
lavagem de dinheiro.
Youssef recolhia propina
das empreiteiras que prestavam serviços às estatais e repassava aos políticos.
Nessas operações foram lavados 10 bilhões de reais, parte desviada de obras
públicas e destinada a enriquecer políticos corruptos e corromper outros com o
pagamento de suborno.
A ex-contadora do doleiro
diz em seu depoimento que “o Beto (Youssef)
lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos.
Era mala de dinheiro para lá e para cá o tempo todo.” (Veja, edição 2.386, ano
47, nº 33, 13/08/2014, pp.54/55). Segundo Meire, além de buscar e entregar o
dinheiro pessoalmente, Youssef se ocupava de fortunas vindas de paraísos
fiscais e da sua distribuição aos integrantes da lista de “beneficiários”,
encabeçada por parlamentares (o Deputado André Vargas, ex-petista/PR, o
Deputado Luiz Argôlo, ex-PP, hoje no Solidariedade/BA, o Deputado Cândido
Vaccareza, do PT/SP, o Senador Fernando Collor, PTB/AL) e também o ex-ministro
e conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia Mário Negromonte. O esquema
envolvia diretamente as empreiteiras OAS, Mendes Júnior, Camargo Corrêa, a
Petrobrás, esta através do seu ex-diretor Paulo Roberto Costa, que exigia o
pagamento de pedágio para quem pretendesse entrar na estatal.
O que poderia ser uma
crônica é na verdade uma lamentável realidade deste sofrido país, onde alguns
pouco se importam com os demais, com a maioria. A falta de humanidade dessas
pessoas é patente e revela um lado cruel em detrimento de todo o povo
brasileiro. É preciso que não permaneçam impunes e que, semelhantemente aos
mensaleiros, sejam processadas e julgadas. É o mínimo que a sociedade espera
para tentar pôr um freio a essa desenfreada corrupção que grassa em nosso país.
Lamento sinceramente a
trágica morte do ex-governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, candidato à presidência
do Brasil. Eduardo Campos era um político jovem, com ideias sensatas e que
trazia com sua postura e inegável amor ao país, esperança de que as coisas
pudessem caminhar para rumo certo e seguro. Com a Nação assim enlutada, perde muito
a política brasileira e a nossa democracia.
Edição n.º 948 - página 08
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