sexta-feira, 15 de agosto de 2014

“Malas e malas de dinheiro”



“A corrupção cresce na medida em que a população se cala!” 
(Ronaldo Marcelo Kravicz)




O título que escolhi para a minha escrita desta semana parece remeter a uma crônica. Mas na verdade a pretensão é a de um artigo.

“Eram malas e malas de dinheiro” é a transcrição de um trecho do depoimento bombástico de Meire Bonfim Poza à Polícia Federal, que apura o esquema de lavagem de dinheiro utilizado por políticos do PT, PMDB e PP. Meire Poza era a contadora do doleiro Alberto Youssef, pego na Operação Lava Jato da Polícia Federal e preso desde março por lavagem de dinheiro.

Youssef recolhia propina das empreiteiras que prestavam serviços às estatais e repassava aos políticos. Nessas operações foram lavados 10 bilhões de reais, parte desviada de obras públicas e destinada a enriquecer políticos corruptos e corromper outros com o pagamento de suborno.

A ex-contadora do doleiro diz em seu depoimento que “o Beto (Youssef) lavava o dinheiro para as empreiteiras e repassava depois aos políticos e aos partidos. Era mala de dinheiro para lá e para cá o tempo todo.” (Veja, edição 2.386, ano 47, nº 33, 13/08/2014, pp.54/55). Segundo Meire, além de buscar e entregar o dinheiro pessoalmente, Youssef se ocupava de fortunas vindas de paraísos fiscais e da sua distribuição aos integrantes da lista de “beneficiários”, encabeçada por parlamentares (o Deputado André Vargas, ex-petista/PR, o Deputado Luiz Argôlo, ex-PP, hoje no Solidariedade/BA, o Deputado Cândido Vaccareza, do PT/SP, o Senador Fernando Collor, PTB/AL) e também o ex-ministro e conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia Mário Negromonte. O esquema envolvia diretamente as empreiteiras OAS, Mendes Júnior, Camargo Corrêa, a Petrobrás, esta através do seu ex-diretor Paulo Roberto Costa, que exigia o pagamento de pedágio para quem pretendesse entrar na estatal.

O que poderia ser uma crônica é na verdade uma lamentável realidade deste sofrido país, onde alguns pouco se importam com os demais, com a maioria. A falta de humanidade dessas pessoas é patente e revela um lado cruel em detrimento de todo o povo brasileiro. É preciso que não permaneçam impunes e que, semelhantemente aos mensaleiros, sejam processadas e julgadas. É o mínimo que a sociedade espera para tentar pôr um freio a essa desenfreada corrupção que grassa em nosso país.



Lamento sinceramente a trágica morte do ex-governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, candidato à presidência do Brasil. Eduardo Campos era um político jovem, com ideias sensatas e que trazia com sua postura e inegável amor ao país, esperança de que as coisas pudessem caminhar para rumo certo e seguro. Com a Nação assim enlutada, perde muito a política brasileira e a nossa democracia.











Edição n.º 948 - página 08

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